Há coisas que não podem ficar entaladas cá dentro!

18
Dez 15

 

Hoje escrevo sobre um pai que não é o meu. É um pai cuja existência conheci mesmo antes de lhe ver o rosto. Um pai cuja dor o tempo não acalma. 

Há uns meses, entrei num cemitério e mal pisei o primeiro pedaço de calçada comecei a ouvir um pranto de apertar o coração. Segui o meu caminho de sempre em direção ao local onde se encontra a pessoa que mais saudade me deixou, e quantos mais passos dava mais ouvia aquele lamentar. Quando finalmente cruzei a esquina deparo-me com um senhor de cabelos grisalhos de aparencia descuidada cujas lágrimas inundavam-lhe a cara. Mas chorava e andava de um lado para o outro, limpando cuidadosamente a sepultura. 

Não fui capaz de parar, aquele pranto fez-me soltar uma lágrima e seguir em frente.

Engraçado como quando vou àquele lugar tento sempre ser a pessoa mais forte do mundo, e aquele homem (da época em que os homens não choram) chorava tal e qual uma criança. "Amava muito aquela pessoa", pensei. 

De uma forma ridicula percebi que tinha uma vela e não tinha forma de a acender. Pensei em ir-me embora, mas tomei coragem e fui interromper aquele pranto. Pedi ao senhor um isqueiro, e o mesmo muito apressadamente me mostrou onde guardava os fósforos e que se no futuro precisasse que podia ir lá buscar. Foi nesse momento que olhei para a fotografia que o fazia chorar daquela forma. Era um homem, com pouco mais de 40 anos.

O homem, que entretanto já estava mais calmo, voltou a soluçar e contou-me que era o filho dele. Que tinha morrido de acidente de mota e que tinha tido uma vida algo infeliz nos últimos meses de vida. Contou-me também o bom homem que era e o orgulho que tinha nele.

 

 

Disse-lhe algumas palavras de conforto, as melhores que consegui sem que começasse a chorar ( a minha mania de ser forte) e voltei para junto da sepultura da pessoa que me levou áquele lugar. E aquela imagem não me saiu da cabeça, não fui capaz de mandar fora aquela imagem que juntava tanta dor e tanto amor ao mesmo tempo.

Ontem voltei a ir àquele lugar. E lá estava o mesmo senhor, exatamente com o mesmo pranto. O mesmo chorar de arrepiar. O mesmo amor pelo filho que não volta...

 

Afinal homem chora: quando ama! 

publicado por Palavras Rasgadas às 12:12
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17
Jun 14

Já perdi tanto. Continuo a perder tanto... o pior é que estou a perder também a vontade de viver.

Sinto-me uma marioneta nas mãos de um Deus com um sentido de humor muito estranho.

Vozes ecoam dentro de mim dizendo "não vales nada"... "não fazes nada bem" e isso cada vez faz mais sentido porque sinto por mim a mesma repulsa que os outros demonstram sentir.

 

Não sei o que descuidei mais, se foi a minha aparência se foi a minha cabeça... Porque neste momento parece que ninguém sente desejo da minha existência.  

publicado por Palavras Rasgadas às 21:14
sinto-me: Perdida

06
Abr 14

Já falei muito do medo que tenho da solidão. É aquele que me atormenta TODOS os dias. Às vezes, palavras e gestos mais doces escodem este medo não sei bem onde. Mas outras vezes, quando me sinto esquecida ou posta de parte, nem o travesseiro me consola. 

Fico cansada, muito cansada. Chego a questionar se vale a pena o tempo que dedico aos outros. Porque, pelos vistos, só sou lembrada quando precisam de mim. De resto... não existo. 

 

 

publicado por Palavras Rasgadas às 16:07
sinto-me: Esquecida

01
Jun 13
Solidão é perceber que se ta a cair no abismo e que não vai haver la ninguem para amparar a queda.

Solidão é perceber que se neste momento de afliçao não está lá ninguém é porque ja todos desistiram de ti.

Solidão é estares junto à pessoa que amas e o silencio provocar um sentimento de repulsa por ti propria.

Solidão é caires ao chão, procures uma mão e encontrares o vazio cheio de caras voltadas.

E o medo maior é que seja a Solidão a minha companheira de vida!
publicado por Palavras Rasgadas às 00:45

08
Mai 13

Estes dias teimam em não passar passando,

São duros os momentos em que o pensamento me leva ao que "podia ser"...

Mas não é! E não sei quando vai ser.

Este constante viver que é inconstante doi.

Tomamos decisões porque em algum momento, na nossa fraqueza,

Temos de ser fortes. Porque em algum desses momentos de uma fraqueza em que me assumo forte

preciso pensar que a melhor decisão foi tomada.

Mas qual é a melhor decisão quando nenhuma das opções passa por o que nos faz verdadeiramente felizes?

 

Esta constante falta de fazer falta a alguém...

Esta insarável ferida de querer estar bem...



publicado por Palavras Rasgadas às 22:54
música: Given Up - Linkin Park
sinto-me: Vazia

03
Fev 11

 

 

"Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada."

 

José Régio

 

 

 

 

Não estou aqui para seguir os passos de ninguém, sei que não tenho um caminho definido mas também não preciso dele. Conheço-me o suficiente para saber aquilo que quero e para saber que é em direcção a isso que vou seguir. Conheço-me também o suficiente para saber aquilo que não quero e também sei que vou fazer de tudo para contornar essas coisas.

 

Não estou aqui para agradar ninguém. Se fui desagradável em algum momento, ou continuo sendo, foi porque em mim conseguiram despertar um sentimento negro que, por norma, costuma estar adormecido, um sentimento que só desperta na pior das hipóteses. Mas também sei ser agradável: aqueles que me dão colo e que merecem que eu demonstre o meu lado branco, a luz do meu sorriso, certamente o terão. Não porque querem mas porque merecem e, acima de tudo, porque eu quero. É uma simples distinção entre pessoas boas e más, entre aquelas que despertam em mim o bem e aquelas que despertam o mal.

 

Não estou aqui para mostrar soluções para a vida de ninguém. Eu tenho as minhas, nem sempre as encontro, mas são só minhas. Posso até olhar para trás e dizer "tropecei naquela pedra mas acertei naquela direcção" mas não servirá de nada para os outros. O caminho é meu, mais ninguém o vai poder percorrer da mesma forma. Podem até chegar onde eu vou chegar, mas o percurso será outro.

 

Estou aqui porque tenho de estar. Independetemente de um Deus, de uma sociedade e até mesmo da minha mãe. Se estou aqui é porque mereço esta vida, porque mereço fazer as minhas escolhas. Quero ao meu lado quem escolhi. Quero o futuro que escolhi. Quero a vida que vou escolhendo cada dia porque o meu final vai depender dessas mesmas escolhas. Morrerei daquilo que me tornar. Morrerei daquilo que escolher.

publicado por Palavras Rasgadas às 20:51
música: Lost - Coldplay
sinto-me: Decidida

04
Ago 10

Vivemos num século marcado pela genialidade das ciências e das tecnologias. Todos nós respiramos produtos vindos de diversos pontos do globo e aos poucos vamos perdendo a nossa nacionalidade. Com o tempo vamos deixar de ser portugueses e passaremos a ser “mundanos”. Não há uma casa portuguesa que não tenha sido já engolida por produtos internacionais. Tudo em nós são estrangeirismos: desde a roupa à comida, passando pelos electrodomésticos que abundam nos nossos lares e até mesmo na forma de falar. Pronto, não digo que isto seja mau. Até é muito bom se pensarmos que é sinal que vivemos num mundo [quase] sem fronteiras, num mundo [quase] todo desenvolvido. O pior está exactamente quando começamos a perder aquilo que nos distingue dos outros povos.

Se começarmos por pensar na gastronomia o “nosso” belo bacalhau está a ser devorado pelos hambúrgueres de certas cadeias de fast food que abarrotam o nosso mercado e os de diversos países. Creio que o único que ainda não arranjou concorrente à altura foi o famoso vinho do porto que continua a vingar. Se calhar vinga mais no estrangeiro, mas não deixa de ser lembrado como um produto português.

Na literatura vamos aos poucos perdendo os nomes que nos faziam distinguir no meio da população literária mundial. E provavelmente se quisermos comprar um bom livro de um autor nacional vamos pagar muito mais por esse livro do que pagaríamos por um de um dos diversos autores estrangeiros que inundam as prateleiras das nossas livrarias.Viremo-nos agora para a música. O Fado, que outrora cantava a saudade e o amor numa marcante voz portuguesa, tem sido ultimamente trocado pelos ritmos mais carismáticos do pop rock com tons mais inglesados.

E na dança: o nosso folclore está a levar uma tareia do hip hop e de outras vertentes oriundas de outros países. É na imagem dos nossos folcloristas que transparece o pouco que resta da nossa história. E hoje somos a nossa história, é esse o nosso bilhete de identidade para o mundo. 

Não digo, de todo, para renunciarmos o que vem de fora. Digo sim que não devemos esquecer daquilo que somos feitos. Devemos ter orgulho em ser o bacalhau à Lagareiro, o vinho do porto, em ser Saramago e Pessoa, em ser Amália, em ser Vira, Fandango e Corridinho. Acima de tudo devemos continuar a dizer: “Eu sou português!”.

 

 

O meu contributo:

 

 

 

"A alma que é algarvia move o corpo pela tradição. Danço ao som do corridinho porque essa é a minha paixão"

publicado por Palavras Rasgadas às 22:21
música: Alma Algarvia
sinto-me: Portuguesa

19
Jul 10

 

 

Passaram-se anos, passaram-se dias mas não passou aquilo que significas para mim. Foste embora sem deixar explicações e eu ainda continuo à procura delas. Ainda vive na minha memória aquela noite em que as lágrimas falaram mais alto que qualquer palavra. Quando recordo o teu nome um luto negro enrola o meu coração… Perdoa-me se em certos momentos deveria ter agido melhor, ter estado mais presente, mas a esperança de melhorares e a raiva que te culpava da situação falaram sempre mais alto.

A mim deixaste o que de mais precioso a minha vida tem. O nosso menino é o meu orgulho maior, a minha maior força. E sei que estejas onde estiveres estás a olhar por nós. Em sonho apareces-me com um ar angelical e sei que és o anjo que me acompanha.

Olha daí por mim que um dia voltaremos a estar juntas. Não sei para quando será esse dia, mas ele chegará.

 

Célia Lopes 23-03-1973/ 19-07-2006

Saudades <3

 

 

publicado por Palavras Rasgadas às 12:14
sinto-me: Com saudades
música: I'll be missing you

07
Jul 10

 

 

 Visão:

 

Acordo e ponho-me em frente ao espelho. Sorrio. Aquela imagem que me reflete pode até não ser a de uma pessoa com uns olhos lindos e um corpo formoso, mas é aquela imagem que me dá a percepção que estou viva. Volto a sorrir. Enquanto olhar para o espelho e ver aquela imagem a sorrir para mim sei que vale a pena ter acordado. Sempre que ver aquela rapariga a sorrir sei que ela realmente tem motivos para viver.

 

Vivemos num mundo de aparências. Um mundo onde o nosso olhar capta a maior parte dos sentimentos que nos trespassam o coração. E se isso não acontece é porque preferimos andar às cegas a vaguear por ai. Ver com os olhos... ver com o coração.

 

 

 

Olfacto :

 

Vou por aí, algures. No meio de tantos inpirar e expirar algo me faz parar. Volto a inspirar, desta vez profundamente. "Eu consigo reconhecer este cheiro!" De repente sinto-me a viajar até algum dia da minha infância. Consigo sentir o calor do Verão no meu corpo em contraste com o fresco dos azulejos onde me sento. O cheiro a pão quente acabado de fazer é o mesmo. Lembro a minha mãe a trazer-me uma fatia desse mão e o cheiro agora está nas minhas mãos. De repente acordo e sorriu: "Bons tempos!"

 

Odores com que por vezes nos deparamos conseguem nos fazer viajar para muito longe. É em momentos assim que percebemos que afinal temos uma história. Para percebermos o presente temos de primeiro perceber o passado.

 

 

 

Paladar:

  

Adoro sentir o sabor do chocolate a despazer-se na minha boca. Vicio, dependência, prazer! Mil e uma sensações percorrem a minha alma entre o momento em que ponho aquele quadradinho de chocolate na minha boca e aquele em que por fim engulo aqueles restos de pecado. Gula!! Chamem-me pecadora!

 

Eu não diria que nós somos aquilos que comemos. Diria antes que somos todos os sentimentos degustativos que sentimos quando saboreamos aquilo que comemos. Serei então o exotismo do chocolate, a força do café, a frescura da água, a animalidade da carne...

 

 

 

Audição:

 

Do nada começa a dar aquela música. O nosso coração começa a palpitar mais acelaradamente. Deixamos de ouvir qualquer ruído que esteja à nossa volta. Todos desaparecem. O nosso cérebro automáticamente começa transmitir para nós aqueles versos. É incrível o que aquelas palavras nos fazem sentir. Cada uma é tão certa, faz tanto sentido. Aquela música deixa de ser de quem a está a cantar e passa a ser nossa.

 

Além de uma arte a música é um medicamento. A energia que muitas vezes procuramos nos lugares errados. Uma parte da nossa vida está escrita em meia dúzia de canções.

 

 

 

 

Tacto:

 

As minhas mãos vão deslizando no corpo dele. Cada sinal que encontram é um marco de sensação. A pele é tão calma no meu toque suave. Sinto o corpo dele responder como se pedisse mais. Toco a pele dele para ter a certeza que ele está ali. Preciso ter essa certeza e preciso mostrar-lhe que o encontrei. É uma necessidade constante de ter a certeza que estamos realmente juntos, que aquele sentimento realmente existe.

 

 

Sabemos que não temos complexos com o nosso corpo ou com o corpo dos outros quando tao facilmente fazemos uma festa na cara ou damos a mão a alguém com a mesma facilidade com que dizemos um "ola". Tocarmo-nos é um sinal de carinho, de amizade de união. Tocar alguém é forma mais facil e verdadeira de dizer "estou aqui do teu lado".

 

 

 

publicado por Palavras Rasgadas às 19:37
sinto-me: A sentir...
música: Feel - Robbie Williams

02
Jun 10

Talvez seja impossivel contar quantas palavras temos no nosso vocabulário. Por vezes até esquecemos o seu verdadeiro significado e usamo-las de uma forma incorrecta. Aplicamo-las às pessoas erradas nas situações erradas...

 

Outras vezes esquecemo-nos da existência de outras... ou fingimos que esquecemos porque são palavras dificeis de pronunciar. Estas palavras a que me refiro são as que expressam os nossos sentimentos. Se pensarmos bem é demasiado dificil dizer um "desculpa-me" ou um "amo-te" quando eles são realmente sentidos. A dificuldade existe porque são palavras que requerem obrigatoriamente uma resposta. Temos medo que a resposta não seja a que nós ansiamos, ou mesmo que não haja resposta. Ás vezes o silêncio é a pior resposta que podemos ter.

 

Por mais medo que tenhamos nunca devemos deixar de mostrar aquilo que realmente sentimos. Há sempre a possibilidade de receber um "sim" ou um "e eu a ti". Há sempre a possibilidade de receber um sorriso e poder sorrir também.

 

 

 

 

 

Eu nunca vou deixar de dizer "Amo-te" porque se ao inicio parecia dificil de dizer agora percebo o quanto fui tonta. A dificuldade não estava em pronunciar a palavra mas sim em perceber até que ponto esse sentimento poderia ser verdadeiro. Hoje não me restam dúvidas...

publicado por Palavras Rasgadas às 11:23
música: When you say nothing at all - Ronan Keating
sinto-me: A sorrir

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